sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

M - 456 "MEMÓRIAS DE QUARENTA"

APRESENTAÇÃO

No passado dia 16 de Novembro decorreu numa sala do Hotel Santa Maria, em Alcobaça, a apresentação de “MEMÓRIAS DE QUARENTA”, o novo livro do nosso camarigo José Eduardo Reis de Oliveira, o JERO, um alcobacense de gema que nesta nova obra volta a homenagear a terra que o viu nascer.
Um bom número de amigos e admiradores do autor esteva presente na sala.

 Na mesa de honra sentaram-se o JERO, o apresentador da obra, Vasco da Gama (outro nosso camarigo), um alcobacence amigo de longa data, Rui Rasquilho, e Madalena Tavares, alcobacense do coração e igualmente amiga do JERO.
Começou esta última por referir que este é o tipo de obra em que se pretende dar a conhecer o que é a história local de uma região e das pessoas que habitualmente se encontram nas pequenas localidades, realçando o papel importante que desempenharam na história local.
 Sendo o JERO um óptimo contador de histórias, estas são neste caso memórias do próprio escritor mas também de outras pessoas que muitos conheceram.
 E aproveitou para lançar um desafio ao autor, o de publicar um livro só de histórias de outro alcobacense bem conhecido, o Engº. Costa e Sousa, hoje com 92 anos e com muitas histórias interessantes para divulgar. 

Como exemplo foram narrados alguns episódios que justificariam o aparecimento de um livro sobre esta típica personagem deste Concelho, muitas delas ocorridas no decorrer da sua actividade profissional na Câmara de Alcobaça.
A mulher Maria Helena teve uma intervenção inesperada para o JERO, fazendo um relacionamento entre os eventos referidos no livro e as suas marcas pessoais no relacionamento entre os dois ao longo de todos estes anos – o namoro, o casamento, o nascimento dos filhos, o aparecimento dos netos.Duas” estrelas” que iluminam a vida de seus avós, como fez questão de salientar.Sendo  certo que ninguém faz pelos netos o que fazem os avós. Que no seu dia a dia têm o “retorno” de uma espécie de pó de estrelas sobre as suas vidas. 
O nosso camarigo Vasco da Gama fez então a apresentação do novo livro. Pelo seu interesse resolvemos publicar na íntegra o texto que ele tinha preparado para o efeito:
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Quando o nosso Amigo JERO, num dos encontros da nossa Tabanca do Centro, ( Local encontro de ex - Combatentes da Guiné em Monte Real) me disse : “Vasco, vais apresentar o meu novo livro”, não dei parte de fraco e logo lhe disse que sim.
Embora prefira o recato dos bastidores à luz da ribalta, aqui me encontro perante esta plateia, tentando não desmerecer a confiança que um grande amigo em mim depositou.
Se eu sou “periquito” ( militar recém-chegado da Metrópole à Guiné, portanto sem qualquer experiência) nestas andanças de apresentador de uma obra literária, o JERO é um “ velhinho”( militar cheio de experiência e perto do final da sua comissão de serviço na Guiné) no que à autoria de livros diz respeito. Este, que aqui nos reúne – Memórias de Quarenta -  vem juntar-se ao “ Diário da Companhia de Caçadores 675”, ao “ Golpes de Mão’s”  e ao “ Alcobaça é Comigo”!
Eu, que não trago no meu curriculum qualquer prova de apresentação de uma obra, creio no entanto que deve ser necessária a existência de uma evidente COINCIDÊNCIA ENTRE O PROCESSO DE  ESCRITA DO AUTOR E ESTA MINHA EXPOSIÇAO. Daí que tenha iniciado este encontro utilizando uma linguagem coloquial e descontraída, tendo também em devida conta que a APRESENTAÇÃO não é nem deve pretender ser a peça principal deste acontecimento que aqui nos junta.
MEMÓRIAS DE QUARENTA – ALGUMAS NOTAS SOBRE O MUNDO, PORTUGAL E ALCOBAÇA,  à minha maneira!, assim se chama o livro com que o JERO nos presenteia.
Este MEMÓRIAS DE QUARENTA  abre com uma das mais bonitas dedicatórias que eu tenho lido: “À MINHA MÃE QUE, EM PEQUENINO, ME ABRIU A PORTA DA MEMÓRIA”.
Quero enfatizar a beleza  e o quanto de ternura estas palavras contêm : “À MINHA MÃE QUE, EM PEQUENINO, ME ABRIU A PORTA DA MEMÓRIA”!
E é a sua Mãe que o acorda no dia oito de Maio de 1945, tinha ele cinco anos, para lhe anunciar que a segunda guerra mundial havia terminado. É a sua primeira memória e também o ponto de partida para outras memórias de infância e de idade adulta entrelaçadas com vivências e acontecimentos marcantes da nossa história e de outros horizontes.
Por vezes torna-se difícil transmitir o que nesta obra nos fascina, tanta é a diversidade de registos.
Estamos pois em presença de um texto memorialista, diarístico e simultaneamente de carácter jornalístico de um Homem atento ao que se passa à sua volta.
Salazar, Marcelo Caetano, Humberto Delgado, Fidel Castro, a sua amada Alcobaça, Guerra Colonial, Guiné, Ditadura, o Glorioso Benfica a quem o alcobacense Lourenço pregou uma grande partida ao marcar quatro golos com a camisola do nosso eterno rival, Maio de 1968 liderado por Daniel Cohn-Bendit que pôs Paris a ferro e fogo e fez tremer o governo de De Gaulle e serviu de rastilho para a crise académica de Coimbra de 1969, Fernando Pessoa, José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Lobo Antunes, Cardoso Pires, Stau Monteiro, Saramago, Democracia, 25 de Abril, PREC , … são alguns dos léxicos presentes no desenrolar de quarenta anos de “Memórias” que nos obrigam a mergulhar na leitura desta obra  e de seguida a querer investigar e estudar de uma forma mais profunda todas as pistas que o autor, com inteligência e sagacidade, seleccionou.
Esta é pois também uma narrativa  de teor pedagógico, capaz de incentivar o estudo e evitar que a nossa sociedade, e em particular alguma da nossa juventude, demonstre uma ignorância crassa e assustadora de momentos marcantes da nossa história e até do nosso passado recente. Há dias, assisti a um vídeo realizado por uma estação de televisão intitulado “A ignorância dos filhos da luta” do qual respiguei algumas passagens: O locutor interrogava os passantes com questões que eu julgava ninguém desconhecer como, por exemplo,:  “Quem fez o 25 de Abril?” entre outras disparatadas respostas, recordo “Foi o Salazar”, “Já foi há muito tempo”, “Não sei responder” “E Otelo Saraiva de Carvalho, sabe quem foi?” “Não conheço diz um cavalheiro, acho que é um hotel de 5 estrelas” respondeu outra pessoa “Pertenceu ao governo de Salazar, mas já morreu”. “Como morreu Salazar”? “Não sei, não estou a par dessas coisas”.
QUE  LEIAM O LIVRO DO JERO!!!
Duas palavras sobre o Homem, o Amigo, o Camarada, o Camarigo, na feliz junção das palavras Camarada e Amigo, da autoria do Mexia Alves, que como nós também foi combatente na Guiné.
O JERO é um Homem que vive plenamente e que tem a capacidade de dar mais vida e saber aos anos que vão passando, não se limitando a amontoar anos à vida.
A palavra nostalgia não faz parte da sua vivência .
Consegue reunir todos os contributos que o passar dos anos nele vai depositando: a sabedoria, o comedimento, a modéstia e a solidariedade.
O JERO é o melhor exemplo que eu conheço do que deve ser o comprometimento com a vida ao mostrar-nos todos os dias a sua jovialidade e a sua actividade física e mental.
O JERO controla a vida!
Muitos de nós, que nesta etapa da vida nos deixamos invadir por uma certa passividade, somos diariamente “acordados” pelo JERO através das suas publicações no Facebook  onde ele semeia sempre uma palavra carinhosa, um chiste que nos faz sorrir, uma fotografia da sua amada Alcobaça e um qualquer memorial sempre a preceito com o dia.
Se comecei esta modesta apresentação com a dedicatória que faz a sua mãe : “ À MINHA MÃE, QUE EM PEQUENINO ME ABRIU A PORTA DA MEMÓRIA” termino com as palavras dos seus netos que o definem assim: O meu avô, escreve livros, diz o Pedro! A Mariana diz “ O meu Avô está  apaixonado pelo computador!
Que por muitos e bons anos o nosso JERO escreva livros e continue a sua paixão pelo computador!
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Na sua intervenção, Rui Rasquilho realçou a beleza da capa do novo livro, com a imagem da mãe e do filho e dos respectivos olhares – o da Mãe atento ao fotógrafo, o do JERO olhando bem mais além. Referiu que o autor observou o mundo da janela alcobacense e trouxe-o para dentro de si e da sua cidade, salientando o seu estilo fácil e coloquial, uma escrita simples e natural para que todos o entendam, orientando-se mais pelos afectos presentes do que pela importância global da história.
“As pessoas são fundamentais na sua obra – as paisagens são as pessoas; a casa, o jardim, são o pano de fundo da história”, referiu Rui Rasquilho, que acrescentou – tendo em conta a nova paixão do autor, a fotografia -  esperar no futuro a publicação de “um livro de imagens e algumas palavras em próxima obra”.
Aproximávamos-nos do fim da sessão e o JERO dirigiu aos presentes algumas palavras de satisfação e de agradecimento pelo apoio prestado.
Falou igualmente da grande fotografia da capa, dizendo que na memória de cada um há um menino com a sua Mãe e que essa imagem só desaparecerá quando a memória desaparecer.

Nas palavras finais o autor quis prestar homenagem a diversos grupos:
Aos escritores e às frequentes desilusões e frustrações por não conseguirem ver a sua obra publicada. Aos jornalistas e ao trabalho que desenvolvem para informarem o público Aos camarigos da Tabanca do Centro e à troca de afectos que os seus convívios têm proporcionado. Aos militares no activo, de que realçou os princípios de ética e de deontologia que os orientam. Aos amigos – os presentes, que o apoiaram nesta nova etapa, e os ausentes, muitos que não podendo estar presentes fisicamente, o estiveram em espírito.
E assim terminou esta interessante sessão, em que realçamos a presença de vários camarigos da Tabanca do Centro – a Maria Arminda Santos, Giselda Pessoa, Vasco da Gama, Manuel Joaquim, Miguel Pessoa, Vitor Caseiro, Agostinho Gaspar a Cláudio Moreira – que quiseram apoiar o seu camarada JERO. 
Outros, como o nosso Joaquim Mexia Alves, presos a outros compromissos, não quiseram deixar de lhe deixar em devido tempo uma palavra amiga de apoio e desejar-lhe os maiores êxitos no futuro. E venham mais livros!
Miguel Pessoa

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