APRESENTAÇÃO
No
passado dia 16 de Novembro decorreu numa sala do Hotel Santa Maria, em
Alcobaça, a apresentação de “MEMÓRIAS DE QUARENTA”, o novo livro do nosso
camarigo José Eduardo Reis de Oliveira, o JERO, um alcobacense de gema que
nesta nova obra volta a homenagear a terra que o viu nascer.
Um
bom número de amigos e admiradores do autor esteva presente na sala.
Na mesa de
honra sentaram-se o JERO, o apresentador da obra, Vasco da Gama (outro nosso
camarigo), um alcobacence amigo de longa data, Rui Rasquilho, e Madalena
Tavares, alcobacense do coração e igualmente amiga do JERO.
Começou
esta última por referir que este é o tipo de obra em que se pretende dar a conhecer
o que é a história local de uma região e das pessoas que habitualmente se
encontram nas pequenas localidades, realçando o papel importante que
desempenharam na história local.
Sendo o JERO um óptimo contador de histórias,
estas são neste caso memórias do próprio escritor mas também de outras pessoas que
muitos conheceram.
E aproveitou para lançar um desafio ao autor,
o de publicar um livro só de histórias de outro alcobacense bem conhecido, o
Engº. Costa e Sousa, hoje com 92 anos e com muitas histórias interessantes para
divulgar.
Como exemplo foram narrados alguns episódios que justificariam o
aparecimento de um livro sobre esta típica personagem deste Concelho, muitas
delas ocorridas no decorrer da sua actividade profissional na Câmara de
Alcobaça.
A
mulher Maria Helena teve uma intervenção
inesperada para o JERO, fazendo um relacionamento entre os eventos referidos no
livro e as suas marcas pessoais no relacionamento entre os dois ao longo de
todos estes anos – o namoro, o casamento, o nascimento dos filhos, o
aparecimento dos netos.Duas” estrelas” que iluminam a vida de seus avós, como
fez questão de salientar.Sendo certo que
ninguém faz pelos netos o que fazem os avós.
Que no seu dia a dia têm o “retorno” de uma espécie de pó de estrelas sobre as suas
vidas.
O
nosso camarigo Vasco da Gama fez então a apresentação do novo livro. Pelo seu
interesse resolvemos publicar na íntegra o texto que ele tinha preparado para o
efeito:
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Quando o nosso Amigo JERO, num dos
encontros da nossa Tabanca do Centro,
( Local encontro de ex - Combatentes da
Guiné em Monte Real) me disse : “Vasco,
vais apresentar o meu novo livro”, não dei parte de fraco e logo lhe disse que
sim.
Embora prefira o recato dos bastidores
à luz da ribalta, aqui me encontro perante esta plateia, tentando não
desmerecer a confiança que um grande amigo em mim depositou.
Se eu sou “periquito” ( militar recém-chegado da Metrópole à Guiné, portanto sem
qualquer experiência) nestas andanças de apresentador de uma obra
literária, o JERO é um “ velhinho”( militar cheio de experiência e perto do
final da sua comissão de serviço na Guiné) no que à autoria de livros diz
respeito. Este, que aqui nos reúne – Memórias de Quarenta - vem juntar-se ao “ Diário da Companhia de
Caçadores 675” ,
ao “ Golpes de Mão’s” e ao “ Alcobaça é
Comigo”!
Eu, que não trago no meu curriculum
qualquer prova de apresentação de uma obra, creio no entanto que deve ser
necessária a existência de uma evidente COINCIDÊNCIA ENTRE O PROCESSO DE ESCRITA DO AUTOR E ESTA MINHA EXPOSIÇAO. Daí
que tenha iniciado este encontro utilizando uma linguagem coloquial e descontraída,
tendo também em devida conta que a APRESENTAÇÃO não é nem deve pretender ser a
peça principal deste acontecimento que aqui nos junta.
MEMÓRIAS DE QUARENTA – ALGUMAS NOTAS
SOBRE O MUNDO, PORTUGAL E ALCOBAÇA, à
minha maneira!, assim se chama o livro com que o JERO nos presenteia.
Este MEMÓRIAS DE QUARENTA abre com uma das mais bonitas dedicatórias
que eu tenho lido: “À MINHA MÃE QUE, EM PEQUENINO, ME ABRIU A PORTA DA
MEMÓRIA”.
Quero enfatizar a beleza e o quanto de ternura estas palavras contêm :
“À MINHA MÃE QUE, EM PEQUENINO, ME ABRIU A PORTA DA MEMÓRIA”!
E é a sua Mãe que o acorda no dia oito
de Maio de 1945, tinha ele cinco anos, para lhe anunciar que a segunda guerra
mundial havia terminado. É a sua primeira memória e também o ponto de partida
para outras memórias de infância e de idade adulta entrelaçadas com vivências e
acontecimentos marcantes da nossa história e de outros horizontes.
Por vezes torna-se difícil transmitir o
que nesta obra nos fascina, tanta é a diversidade de registos.
Estamos pois em presença de um texto
memorialista, diarístico e simultaneamente de carácter jornalístico de um Homem
atento ao que se passa à sua volta.
Salazar, Marcelo Caetano, Humberto
Delgado, Fidel Castro, a sua amada Alcobaça, Guerra Colonial, Guiné, Ditadura,
o Glorioso Benfica a quem o alcobacense Lourenço pregou uma grande partida ao
marcar quatro golos com a camisola do nosso eterno rival, Maio de 1968 liderado
por Daniel Cohn-Bendit que pôs Paris a ferro e fogo e fez tremer o governo de
De Gaulle e serviu de rastilho para a crise académica de Coimbra de 1969,
Fernando Pessoa, José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Lobo Antunes, Cardoso Pires, Stau Monteiro, Saramago,
Democracia, 25 de Abril, PREC , … são alguns dos léxicos presentes no
desenrolar de quarenta anos de “Memórias” que nos obrigam a mergulhar na
leitura desta obra e de seguida a querer
investigar e estudar de uma forma mais profunda todas as pistas que o autor,
com inteligência e sagacidade, seleccionou.
Esta é pois também uma narrativa de teor pedagógico, capaz de incentivar o estudo
e evitar que a nossa sociedade, e em particular alguma da nossa juventude,
demonstre uma ignorância crassa e assustadora de momentos marcantes da nossa
história e até do nosso passado recente. Há dias, assisti a um vídeo realizado
por uma estação de televisão intitulado “A ignorância dos filhos da luta” do
qual respiguei algumas passagens: O locutor interrogava os passantes com
questões que eu julgava ninguém desconhecer como, por exemplo,: “Quem fez o 25 de Abril?” entre outras
disparatadas respostas, recordo “Foi o Salazar”, “Já foi há muito tempo”, “Não
sei responder” “E Otelo Saraiva de Carvalho, sabe quem foi?” “Não conheço diz
um cavalheiro, acho que é um hotel de 5 estrelas” respondeu outra pessoa
“Pertenceu ao governo de Salazar, mas já morreu”. “Como morreu Salazar”? “Não
sei, não estou a par dessas coisas”.
QUE LEIAM O LIVRO DO JERO!!!
Duas palavras sobre o Homem, o Amigo, o
Camarada, o Camarigo, na feliz junção das palavras Camarada e Amigo, da autoria
do Mexia Alves, que como nós também foi combatente na Guiné.
O JERO é um Homem que vive plenamente e
que tem a capacidade de dar mais vida e saber aos anos que vão passando, não se
limitando a amontoar anos à vida.
A palavra nostalgia não faz parte da
sua vivência .
Consegue reunir todos os contributos
que o passar dos anos nele vai depositando: a sabedoria, o comedimento, a
modéstia e a solidariedade.
O JERO é o melhor exemplo que eu
conheço do que deve ser o comprometimento com a vida ao mostrar-nos todos os
dias a sua jovialidade e a sua actividade física e mental.
O JERO controla a vida!
Muitos de nós, que nesta etapa da vida
nos deixamos invadir por uma certa passividade, somos diariamente “acordados”
pelo JERO através das suas publicações no Facebook onde ele semeia sempre uma palavra carinhosa,
um chiste que nos faz sorrir, uma fotografia da sua amada Alcobaça e um
qualquer memorial sempre a preceito com o dia.
Se comecei esta modesta apresentação
com a dedicatória que faz a sua mãe : “ À MINHA MÃE, QUE EM PEQUENINO ME ABRIU
A PORTA DA MEMÓRIA” termino com as palavras dos seus netos que o definem assim:
O meu avô, escreve livros, diz o Pedro! A Mariana diz “ O meu Avô está apaixonado pelo computador!
Que por muitos e bons anos o nosso JERO
escreva livros e continue a sua paixão pelo computador!
………………………………..
Na
sua intervenção, Rui Rasquilho realçou a beleza da capa do novo livro, com a
imagem da mãe e do filho e dos respectivos olhares – o da Mãe atento ao
fotógrafo, o do JERO olhando bem mais além. Referiu que o autor observou o mundo
da janela alcobacense e trouxe-o para dentro de si e da sua cidade, salientando
o seu estilo fácil e coloquial, uma escrita simples e natural para que todos o
entendam, orientando-se mais pelos afectos presentes do que pela importância
global da história.
“As
pessoas são fundamentais na sua obra – as paisagens são as pessoas; a casa, o
jardim, são o pano de fundo da história”, referiu Rui Rasquilho, que
acrescentou – tendo em conta a nova paixão do autor, a fotografia - esperar no futuro a publicação de “um livro
de imagens e algumas palavras em próxima obra”.
Aproximávamos-nos
do fim da sessão e o JERO dirigiu aos presentes algumas palavras de satisfação
e de agradecimento pelo apoio prestado.
Falou
igualmente da grande fotografia da capa, dizendo que na memória de cada um há
um menino com a sua Mãe e que essa imagem só desaparecerá quando a memória
desaparecer.
Nas
palavras finais o autor quis prestar homenagem a diversos grupos:
Aos
escritores e às frequentes desilusões e frustrações por não conseguirem ver a
sua obra publicada. Aos jornalistas e ao trabalho que desenvolvem para
informarem o público Aos camarigos da Tabanca do Centro e à troca de afectos
que os seus convívios têm proporcionado. Aos militares no activo, de que
realçou os princípios de ética e de deontologia que os orientam. Aos amigos –
os presentes, que o apoiaram nesta nova etapa, e os ausentes, muitos que não
podendo estar presentes fisicamente, o estiveram em espírito.
E
assim terminou esta interessante sessão, em que realçamos a presença de vários
camarigos da Tabanca do Centro – a Maria Arminda Santos, Giselda Pessoa, Vasco
da Gama, Manuel Joaquim, Miguel Pessoa, Vitor Caseiro, Agostinho Gaspar a
Cláudio Moreira – que quiseram apoiar o seu camarada JERO.
Outros, como o nosso
Joaquim Mexia Alves, presos a outros compromissos, não quiseram deixar de lhe
deixar em devido tempo uma palavra amiga de apoio e desejar-lhe os maiores êxitos
no futuro. E venham mais livros!
Miguel Pessoa
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