O CAFEZINHO
Foi durante muitos anos uma referência na pacata vila
de Alcobaça.
O seu nome era José e a alcunha
ganhou-a quando foi preso por contrabandear café durante a guerra civil
espanhola. Uns tiveram sorte, ele teve pouca.
Toda a gente o conhecia. Era uma
figura simpática, que nos habituámos a ver passar numa pasteleira enorme,
onde se gingava no selim para chegar com os pés aos pedais.
Parecia que pedalava em câmara lenta! Infelizmente
o combustível da bicicleta era normalmente “tinto”.
Um dia alguma coisa correu mal e caiu
da bicicleta. E feriu-se com alguma gravidade na cabeça. Teve que ir ao
Hospital de Alcobaça.
Depois de tratado veio até à saída amparado pelo enfermeiro. O “Cafezinho” deu dois ou três passos titubeantes e regressou ao exterior.
Um penso na cabeça denunciava o traumatismo que a queda lhe tinha causado.
Depois de tratado veio até à saída amparado pelo enfermeiro. O “Cafezinho” deu dois ou três passos titubeantes e regressou ao exterior.
Um penso na cabeça denunciava o traumatismo que a queda lhe tinha causado.
Pequeno com ar teatral, abriu os
braços e num gesto de quem está num palco cantou com voz pastosa:-Tuudo ééé
preciso nasss passagens deeesta vidaaaaa!!
O filho que o esperava fora da sala, abanou a cabeça e disse:
- Pois e agora cantas.
Quem por ali estava riu e o Cafezinho, aproveitou para tentar logo vender lotaria aos presentes.
Assumia-se como um autêntico vendedor de jogo branco.Mas não enganava ninguém. E apregoava assim a sua lotaria: «O "Cafezinho" tem jogo branquinho» !!!E rematava: «Se eu soubesse que ela aqui estava, não a vendia a ninguém».Quem é que podia resistir a este apregoar tão original? Poucos, está claro.
O filho que o esperava fora da sala, abanou a cabeça e disse:
- Pois e agora cantas.
Quem por ali estava riu e o Cafezinho, aproveitou para tentar logo vender lotaria aos presentes.
Assumia-se como um autêntico vendedor de jogo branco.Mas não enganava ninguém. E apregoava assim a sua lotaria: «O "Cafezinho" tem jogo branquinho» !!!E rematava: «Se eu soubesse que ela aqui estava, não a vendia a ninguém».Quem é que podia resistir a este apregoar tão original? Poucos, está claro.
O seu “posto de vendas” era normalmente
na esquina da “Pharmácia Campeão”, na Rua das Lojas.
Esquina que os menos novos recordam
ainda como sendo a “Esquina dos indecisos”.
Bons velhos tempos.
JERO
DOMINGO, 19 DE JUNHO DE 2011
Sem comentários:
Enviar um comentário