quinta-feira, 27 de outubro de 2011

M 382 - AS ÁRVORES NEM SEMPRE MORREM DE PÉ...

AS ÁRVORES NEM SEMPRE MORREM DE PÉ…


Este velho carvalho foi deitado abaixo no Outono de 2011.
Depois de um longo e ardente Verão ,que entrou por Outubro adentro, as primeiras chuvas e ventanias que prenunciaram o próximo Inverno derrubaram o velho carvalho do “Casal Maria Dias”, nas proximidades de Turquel.
Este velho e imponente carvalho foi notícia em O ALCOA, no seu nº. 2060, de 12 de Junho de 2003, numa rubrica titulada “Clube de Caminheiros de Alcobaça”, que promovia o exercício físico e o conhecimento das belezas da região de Alcobaça.
Era também então referido o “Roteiro Cultural da Região de Alcobaça”, que exactamente num dos seus “capítulos” valorizava a paisagem e os passeios a pé.
No artigo do quinzenário de Alcobaça referia-se que esta espécie de carvalho chega a atingir 2.000 anos de existência e que a monumental espécie florestal da “Casal Maria Dias” remontaria aos tempos da batalha de Aljubarrota, o que significaria ter a provecta idade de 600 anos…
Era uma árvore frondosa com uma copa de cerca de 20 metros de diâmetro e que na sua base tinha um diâmetro que só quatro adultos de mãos dados poderiam abraçar.
Derrubado pelas intempéries deste Outono, que começa a ser agreste, o velho carvalho jaz agora ao nível do solo…a caminho do fim.


Vai no entanto ficar na nossa memória…


E aqui é difícil não recordar a maravilhosa representação de PALMIRA BASTOS na peça de teatro “As árvores morrem de pé”.
Nunca mais esqueci a cena magistral que fazia a plateia levantar-se num aplauso tremendo, capaz de fazer vir abaixo o teatro Monumental.
Aquela estatura meã e aparentemente frágil de Palmira Bastos, batendo vigorosamente com a bengala e sentenciando de forma loquaz: “Morta por dentro, mas de pé. De pé, como as árvores!”.
Aconteceu em 1966 e foi transmitido para milhões de telespectadores pela RTP.


Na vida real o que pode ficar de pé,vivo, com maior ou menor destaque, é o que ficar editado, registado ...para memória futura! 


Do carvalho, de que teriam brotado os primeiros ramos e folhas quando por ali perto  passaram os exércitos que se defrontaram com violência inaudita na cumeeira de Aljubarrota, irão restar por algum tempo folhas e ramos , que vão secar lentamente no Outono…das nossas vidas.
Mas a sua memória...aqui fica.


JERO


Fotos de Sara Susano em 2011 e  de JERO em 2003.

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