domingo, 16 de outubro de 2011

M 378 SINAIS BARROCOS NO MOSTEIRO DE ALCOBAÇA

APONTAMENTOS BARROCOS
Entre 1545 e 1563 realizou-se o Concílio de Trento convocado pelo Pontífice Paulo III.
O Santo Padre decidiu que era tempo de “condenar os erros, eliminar os abusos e restabelecer a paz e a unidade do povo cristão.”
Um século depois irrompe em toda a Europa um estilo novo, o barroco dirigido aos sentidos através de modelos de pomposa teatralidade.
A festa da vitória sobre as ideias protestantes, que haviam rompido a hegemonia católica, consolida-se.

A fachada da Igreja do Mosteiro de Alcobaça erguida entre 1702 e 1725, precedida de várias escadarias que dão acesso a diversos patins que prolongam para o exterior as três naves góticas da Igreja, assumiu o limite da teatralidade, durante as diversas recepções reais dos séculos XVIII e XIX onde o cenóbio e as autoridades civis e militares da vila esperavam as visitas ilustres presenciadas pelo povo.
Nos palácios alinhavam pelas escadarias os alabardeiros num ritual de cerimónia que ainda hoje se usa à entrada dos banquetes oficiais do Palácio da Ajuda, embora aqui as escadarias sejam interiores não servindo por isso a admiração popular.
No Mosteiro de Alcobaça o primeiro sinal barroco é dado por ordem de Frei Constantino de Sampaio, que construirá o Retrato do Céu, a Capela das Relíquias, entre 1669 e 1672 no tempo do seu abaciato trienal.
Três anos depois, durante o primeiro triénio de Frei Sebastião Sotto Mayor (1675-1678 ) o altar-mor da Igreja recebe um novo retábulo, recheado de colunas e parapeitos onde foram colocadas esculturas colossais em barro cozido dourado e policromado de Papas cistercienses, Abades cruciais da Ordem e anjos músicos, entre outras importantes estátuas, estas em madeira policromada.
Na antiga Capela de S.Vicente de novo o Abade Frei Sotto Mayor deu início ao retábulo do trânsito de S.Bernardo no ano de 1687 no começo do seu segundo triénio.
Na última visita real ao Mosteiro cisterciense a fachada serviu gloriosamente de cenário à festa da chegada do Rei absoluto D.Miguel, que nas escadarias se mostrou à aclamação do povo.
A Igreja derrota os reformadores em Trento e mais tarde o barroco, dá-lhe um rosto novo do qual o poder político se serviu legitimamente tanto mais que os reis,até à prevalência constitucional ,detinham o trono por vontade divina e aclamação em cortes.
A nova Igreja tridentina influencia também a Ordem de Cister, que agora com os seus momentos litúrgicos abertos com parcimónia aos crentes, lhes oferecerá a emoção das imagens nos altares e a comovente representação da morte de S.Bernardo no esplendor do ouro , da cor e da representação da vida em trânsito.


Rui Rasquilho





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