sexta-feira, 3 de junho de 2011

M - 358 UNIVERSITÁRIOS DA VIDA

TERESA ALMEIDA

Com apenas 18 anos de idade foi, da noite para o dia, mãe de 8 irmãos. Porque da noite para o dia lhe faleceu a sua mãe.E durante 10 anos da sua vida foi mãe/irmã.
Teresa Almeida que nasceu em Ribeira do Marete, Vimeiro, em 28 de Maio de 1943 conta esta primeira fase da sua vida com uma tranquilidade desconcertante. Mas com força, com vida, com autenticidade.
E só estamos ainda no princípio.
A T.A., iniciais com que assina as suas poesias, conta agora 67 anos de idade e é aluna aplicada da Universidade Sénior da Benedita.


Antes, muito antes deste dia em que conhecemos a “Titi”, como é também carinhosamente tratada pelos seus amigos, resolveu “desmamar”os seus meninos/irmãos e emigrou em 1971 para o Canadá.
Porquê?
«Precisava de viver a minha vida.»
Com 28 anos tinha apenas a 4ª. classe. Quando no Canadá completou 36 anos conseguiu acabar o 11º ano. Cursou enfermagem e foi “Enfermeira-Assistente”. Manteve sempre contacto com os seus irmãos e em 2.000 regressou.
“Ganhou” uma reforma antecipada graças a um “amigo”.
Um cancro.
Diz isto sem hesitações. Agarrada à vida. Autêntica. Determinada.
Venceu um, mas…tem outro.

Sem palavras olho-a nos olhos sem conseguir disfarçar a minha emoção e também a minha admiração.Olho a seu lado a sua directora e percebo porque me deu a ler as poesias da T.A.
Esta universitária da vida é de facto especial.
«Nem o Diabo me quer no Céu nem Deus me quer no Inferno. Enquanto não chegarem a acordo não posso morrer.»
-Posso publicar isto?
« Claro que pode. É verdade.»


Olhei-a com uma admiração imensa e pedi-lhe uma das suas poesias.


Que Grande Senhora conheci no dia 2 de Junho de 2011!
JERO


BIRRA e AFIRMAÇÃO
...

Criança bem comportada/Sempre limpa…ajuizada/É sonho ou é pesadelo?/ Que nunca salta nem grita/É aprumada e bonita/Não se faz…não há modelo


A criança que esperneia/Que faz birra volta-e-meia/ Está a testar o adulto/ Éo seu eu a se afirma/ E quem a deve educar/ Esteja atento…seja astuto


Porque o bebé perfeito/Não existe…não dá jeito/Não é um pré-fabricado/ Tem de aprender a viver/ Pra que nunca venha a ser/Um boneco articulado.


Excerto de uma poesia da T.A.


1 comentário:

  1. Há textos muito dificeis de comentar.

    Este é um deles.

    Não pelo texto, (perdoa-me amigo Jero que tão bem escreves), mas pela história que contas.

    É que uma história destas não se comenta: vive-se, sente-se, e toma-se como testemunho para percebermos como tantas vezes na vida e sem razão nenhuma, nos queixamos de tudo e de todos, quando outros, como muito mais razão do que nós, não se queixam e lutam para que a vida não lhes seja madrasta.

    Obrigado Jero, porque neste dia de mudança, a leitura da tua história me ajuda a querer mudar também algumas coisas em mim.

    Grande abraço

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