sábado, 9 de abril de 2011

M 349 - CERÂMICA EM PORTUGAL E EM ALCOBAÇA

Cerâmica em Portugal e em Alcobaça

Passado, Presente e Futuro
Passado
A cerâmica aparece, na Península Ibérica e em Portugal, trazida pelos invasores árabes no século VIII sob a forma de peças de terracota.
Essa terracota era um material constituído por argila cozida no forno a baixas temperaturas e sem ser vidrado.
Durante a permanência Islâmica na Península Ibérica iniciou-se a produção de azulejos, no que é hoje território Espanhol, através de artesãos muçulmanos, a qual se desenvolveu entre o século XII e meados do século XVI em oficinas de Málaga, Valência,Talavera de la Reina e Sevilha.
Essa produção de azulejo passou depois para Portugal.
Entretanto, em 1295 Marco Polo regressou a Veneza depois de uma longa estadia na corte do Imperador Mongol Kublai Khan.
Na sua bagagem trazia algumas peças de cerâmica branca, translúcida, de um tipo nunca visto.
Tal facto não despertou, na altura, qualquer interesse especial; só mais tarde, após o início do transporte de especiarias pela rota da India se, começou a valorizar peças feitas com esse material cerâmico que, muitas vezes, acompanhavam as próprias especiarias.
A partir dessa altura, as casas reais e nobres da Europa começaram a manifestar um tal interesse por esse tipo de cerâmica, (a porcelana) que muitos experimentadores ceramistas ou não, tentaram a todo o custo descobrir o segredo da sua produção.
Isso foi conseguido apenas no final do século XVIII; entretanto, ficou desse percurso uma incontável quantidade de composições de pastas, vidrados, corantes cerâmicos e processos de produção que chegaram até nós.
Assim, chegaram até nós as pastas que hoje conhecemos como grês fino, grês rústico, grês sanitário, faiança feldspática e faiança calcítica /dolomítica.
O grês é um material feito a partir de argila de grão fino, plástica, sedimentária e refratária - que suporta altas temperaturas.
Vitrifica entre 1150 °C - 1300 °C. No grês o feldspato atua como material fundente.
A faiança é um tipo de cerâmica branca, que possui uma pasta menos rica em caulino do que a porcelana e é associada a argilas mais plásticas.
É uma pasta porosa de coloração branca ou amarelada e precisa de posterior cobertura com vidrado cerâmico.
As argilas utilizadas na sua composição não são tão brancas ou puras quanto as de porcelana, o que possibilita uma vasta gama de cores.
As várias versões de cerâmica instalaram-se um pouco por todo o Pais, em núcleos bem definidos, dependendo muitas vezes da proximidade das jazidas de matérias-primas.
Em Barcelos instalou-se uma produção cerâmica constituída por pequenas unidades e por unidades de artesanato, trabalhando barro vermelho em pequenas peças decorativas.
Mais ao sul, entre Porto e Coimbra, beneficiando dos grandes depósitos de argilas de Oliveira do Bairro, instalou-se uma importante componente da cerâmica de assessórios de construção civil: os revestimentos, os pavimentos e os sanitários.
Na região de Alcobaça assistiu-se ao aparecimento de uma produção de faiança, beneficiando de jazidas de argila branca existentes nas proximidades.
Mais ao sul, em Reguengos de Monsaraz, apareceu também um núcleo de artesanato em barro vermelho policromado.
Inicialmente, em Alcobaça estabeleceu-se uma unidade de produção de faiança decorativa que, em pouco tempo, deu origem a outras três.
Estas quatro unidades foram, durante muito tempo, as únicas existentes, sendo a sua produção escoada quase em exclusivo no mercado nacional.
No final da década de 70, beneficiando da abertura de Portugal ao estrangeiro, a faiança de Alcobaça começou a ser comercializada também em mercados de exportação.
Como resultado dos primeiros negócios além fronteiras, a indústria de faiança começou a expandir-se, aparecendo novas unidades.
As empresas capitalizavam no saber fazer e copiar, embora de forma empírica, na mão-de-obra barata, na energia também barata e na abundância de matérias-primas de boa qualidade, a baixo custo.
Por altura da chegada dos primeiros fundos provenientes da União Europeia, à qual Portugal tinha aderido em 1986, as empresas de cerâmica nasciam em Alcobaça e na região a um ritmo nunca visto.
Os incentivos, nomeadamente os denominados “ a fundo perdido”, permitiram esse ritmo de crescimento invulgar.
Assim, no final dos anos 80, na região centrada em Alcobaça e constituída pelos concelhos de Caldas da Rainha, Peniche, Alcobaça, Nazaré, Marinha Grande, Leiria, Batalha, Porto de Mós e Vila Nova de Ourém teriam existido mais de 750 unidades de produção de faiança, com cerca de 400 concentradas no concelho de Alcobaça.
Podemos, literalmente, assegurar que em todos os espaços disponíveis se instalaram unidades de produção de faiança.
Na Universidade de Aveiro, criada em 1973, constituiu- se em 1976 o Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro (DECV), com o objectivo de responder às necessidades decorrentes do desenvolvimento tecnológico que o processo de fabrico de produtos cerâmicos e vítreos exige.
Com a finalidade de apoiar essas empresas na formação técnica de pessoal e de fornecer, assim, um apoio técnico-pedagógico, foi constituido em 1981, o CENCAL- Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, sediado nas Caldas da Rainha, vocacionado para o sector da indústria cerâmica portuguesa.
As actividades formativas abriram portas em Outubro de 1985 nas actuais instalações.
Em 1987 é constituído o CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, uma instituição de utilidade pública, para apoio técnico e promoção tecnológica das indústrias nacionais da cerâmica e vidro.
No Instituto Politécnico de Viana de Castelo foram, também, criados cursos de especialização tecnológica e mestrados em cerâmica.
Nas várias áreas da cerâmica formámos trabalhadores, encarregados, técnicos, engenheiros, mestres e doutores: o resultado está à vista.

Alberto Silva
Consultor Internacional de Cerâmica
Alcobaça



















































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